domingo, 3 de maio de 2015

O Grito de Edvard Munch





O Grito, 1893, óleo sobre tela, 91 x 73 cm
 O Grito, é uma série de quatro pinturas de Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. É uma das obras mais importante do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci
O que é que O Grito tem? "Fala por toda a gente, já todos nos sentimos sozinhos e desesperados em algum momento da nossa vida", disse à BBC David Jackson. Segundo este professor de História da Arte Escandinava da Universidade de Leeds, "o impulso de olhar para as coisas que nos incomodam é parte fundamental da condição humana".Com um ar desesperado, de boca aberta em esgar e as mãos na cabeça, numa ponte com duas pessoas ao fundo, e um horizonte com cores garridas, a figura central do quadro transmite uma angústia que tem atravessado décadas, mantendo-se sempre atual.
 Ele expressou o seu inferno interior e o mal-estar que a loucura representava em seu cotidiano. O quadro representa uma pessoa num momento de profunda angústia e desespero existencial. O cenário de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr do sol.
 A tela apresenta uma figura humana com linhas sinuosas, que nos dá a dimensão exata do desespero de um sujeito que se contorce sob o efeito de sua dor, de suas emoções. As linhas sinuosas também estão presentes no céu, na água. A linha diagonal da ponte direciona o olhar do espectador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. A sensação é de querer extravasar a nossa dor junto com esse sujeito que sofre, que sente, que se desespera. Gritamos com ele.
 O que espantou os críticos alemães do fim do século XIX foi que o pintor norueguês não pintava o que via, mas “exprimia o que atormentava sua alma”.  O próprio Munch revelou que pintava os traços e as cores que afetavam o seu olhar interior. Ele pintava de memória sem nada acrescentar, sem os pormenores que já não via à sua frente. Talvez seja essa a razão da simplicidade das suas telas, do seu óbvio vazio. Ele pintava as impressões da sua infância, trazia as cores de um dia esquecido.
 Edvard Munch não foi reconhecido na França como um grande pintor. Na verdade, era considerado, inclusive pelos demais artistas, resultado de uma arte alemã de má qualidade. Como não foi aceito no berço impressionista, Munch retornou para a Noruega. Lá também não foi bem recebido. Decidiu ir para a Alemanha, em 1901. Lá suas obras tiveram um impacto positivo e, em Berlim, ele preparou a famosa série “O Friso da Vida”, definida por ele como “um poema de vida, amor e morte.”



Edvard Munch em 1921





Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza. Edvard Munch

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